Mercado de realidade virtual e aumentada deve ultrapassar R$ 370 bilhões em 2020

O mercado global de Realidade Virtual e Aumentada foi de U$S 3,2 bilhões em 2017 e deve movimentar aproximadamente US$ 100 bilhões em 2020

Foto: Ascom ABDI

O mundo digital salta cada vez mais das telas de celulares e computadores e se mistura ao ambiente físico. Os dispositivos e aparelhos de Realidade Virtual (RV) e de Realidade Aumentada (RA) se destacaram primeiro no mercado de entretenimento, mas agora começam a ter usos em diversas áreas, da medicina à construção civil, da venda de imóveis à manutenção de aviões, afirma em comunicado a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

A ABDI afirma que, por exemplo, a Samsung colocou o HMD Odyssey a venda no Brasil em 2018. “Trata-se de um dispositivo que se tornou popular inicialmente no mundo dos games, mas com possibilidades que vão muito além, à medida que estão sendo desenvolvidos novos aplicativos para diferentes segmentos, como educação, manufatura, treinamento profissional, venda de bens de consumo e entretenimento”, afirma Luciano Beraldo, gerente Sênior da empresa no país. O mercado global de Realidade Virtual e Aumentada foi de U$S 3,2 bilhões em 2017, segundo os cálculos da IHS Markit, e deve movimentar aproximadamente US$ 100 bilhões em 2020.

“Atualmente, o foco principal é o entretenimento, com games imersivos e uma experiência que permite o usuário se sentir completamente no universo do jogo”, explica Beraldo. “Mas entendemos também que o dispositivo tem grande função junto a outros segmentos, como universidades. Os alunos poderão visualizar um molde em 3D e ainda manipulá-lo para entender como ele funciona em sua totalidade”. Dentre os segmentos que vem demandando tecnologias de Realidade Virtual fora do mundo do entretenimento está a indústria aeronáutica. O programa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Conexão Startup Indústria, uniu a Virtual Avionics com a Embraer, uma das maiores fabricantes de aviões do mundo. O resultado foi um simulador para ligar a aeronave e fazer os primeiros procedimentos para iniciar o voo. O maior desafio foi fazer com que ao colocar os óculos de RV e mover as mãos, o usuário da tecnologia tivesse a sensação mais próxima possível da realidade, como explicou o responsável por desenvolver o software, Gabriel De Cicco. “Pensar esta interação entre os movimentos das mãos e o controle remoto, para que a pessoa sinta como são os comandos, o peso dos botões, alavancas e, assim criar uma memória muscular para os pilotos, é a parte mais complicada”, explica o profissional da Virtual Avionics, que recebeu treinamentos na Embraer.

Outra iniciativa da ABDI, os Test Beds para a Indústria 4.0 têm como objetivo estimular a inovação com a adoção de conceitos tecnológicos de ponta. Com a RV é possível realizar simulações em pátios fabris, manutenção de máquinas e treinamentos de funcionários. “Um dos principais ganhos é a capacitação do trabalhador, que conseguirá usar ao máximo as potencialidades do equipamento, aumentando a eficiência e produtividade”, detalha Bruno Jorge, Coordenador de Indústria 4.0 da ABDI. Além do setor industrial, as tecnologias de RV e RA têm invadido o varejo. As vendas no comércio eletrônico brasileiro alcançaram R$ 23,6 bilhões no primeiro semestre de 2018, segundo dados da Ebit.

Com a tendência de crescimento desta modalidade de negócio, os empresários têm investido em novas experiências para atrair os consumidores para as lojas físicas. “O consumidor quer uma boa jornada e quer autonomia”, explica Eduardo Tosta, Coordenador de Comércio e Serviços da ABDI. A Agência, inclusive, aposta nestes novos modelos de negócios e vem estimulando a adoção de tecnologias com experiências desenvolvidas no Laboratório de Varejo – ProVA. Uma delas é uma adega que facilita a decisão de compra para o consumidor e diminui a necessidade de espaço de armazenamento para os comerciantes. “Temos um totem explicando os diferentes tipos de vinho. O consumidor que gosta de vinho tinto seco, seleciona esta opção e automaticamente as luzes na prateleira em frente às garrafas que não são deste tipo de vinho se apagam”, exemplifica Tosta. “Se o cliente deseja três garrafas, ele compra ali na hora. Se ele quiser uma quantidade maior, ele recebe em casa no dia seguinte. Isso diminui a necessidade de estoque, com uma logística de entrega direta”, conclui.