Radio Digital – Status no Brasil

Após quase um ano do teste realizado pela ABERT com o padrão HD Radio da empresa norte-americana iBiquity, em emissoras AM e FM, o governo brasileiro busca ainda a definição para um padrão de Rádio digital no Brasil, por meio de testes finais com o padrão DRM.
Essa etapa foi realizada em duas partes, a primeira com a publicação de um chamamento público para que todos os detentores de padrão de Rádio digital que tivessem interesse em realizar testes no Brasil apresentassem suas propostas. A segunda, seis meses depois, como nenhum detentor de padrão tivesse apresentado alguma proposta de teste, o governo ampliou o prazo para a sua avaliação final por mais dois meses, período que será concluído na data de 17 de janeiro de 2010.
O padrão DRM tem nessa última fase, a oportunidade para realização de seus testes e com isso dar condições para uma decisão governamental. Algumas premissas foram levantadas durante a discussão dos procedimentos de testes pelo DRM e que estão sendo conduzidas nesse sentido. Em primeiro lugar, as emissoras que foram testadas no HD Radio devem ser as escolhidas a serem testadas nesta fase. Algumas rotas podem ser acrescidas para enriquecer o nível de informação dos sistemas. Em segundo lugar, as características técnicas de testes a serem comparadas devem ser compatíveis para facilitar uma avaliação de desempenho dos sistemas considerados.
Comercialmente falando, pode-se acrescentar algumas informações para fins de avaliação da potencialidade comercial dos sistemas. Por exemplo, o sistema IBOC tem cerca de 2.000 estações em operação, enquanto o DRM tem cerca de 130 estações entre OC e OM. O custo do excitador DRM não é inferior a US$ 70.000,00 enquanto o excitador IBOC está entre US$ 30.000,00 a US$ 35.000,00.
Numa cidade como São Paulo, a opção de transmissão com o padrão DRM numa transmissão descasada de adjacência analógica requererá um transmissor adicional, gerando custo elevado para a emissora. O número de receptores disponíveis no mercado deve ser quesito de avaliação bem como o seu custo. Também o custo da licença para o radiodifusor no uso da tecnologia será zero em ambos os sistemas e deve ser parâmetro importante na cadeia de valor de ambos os sistemas.

Medições dos sistemas
O sistema DRM+ desenvolvido para FM deve ser ainda aprovado na ITU e atualmente, opera em bases experimentais em cidades na Alemanha. Nos testes a serem realizados estão previstas medições em pontos fixos e em mobilidade para o sistema DRM, o INMETRO fornecerá a viatura para os testes de mobilidade e a mesma já possui equipamentos para medições em pontos fixos.
Como existe um interesse muito grande em iniciarem-se os testes pela Onda Média, a Fundação Padre Anchieta disponibilizou seu parque instalado para a realização das primeiras experiências com sistemas DRM. Os testes de campo devem ser iniciados assim que o Ato de Autorização da Anatel for publicado e espera-se que até o final do ano tenha-se realizado toda a experiência na Rádio Cultura da Fundação Padre Anchieta.
A equipe que está trabalhando conta com a participação do Ministério das Comunicações, que coordena os trabalhos, a Anatel, INMETRO, ABERT, EBC, e diversos profissionais das emissoras envolvidas. Há que se destacar também a presença de engenheiros franceses e mexicanos que estão acompanhando os testes e realizando treinamento no uso dos equipamentos DRM.

Testes de robustez
Ao final do primeiro teste na Rádio Cultura, a pedido do Ministério das Comunicações, serão feitos testes em Onda Curta, possivelmente na faixa de 26 MHz e também alguns testes para verificação da robustez do sistema frente à interferência ou não de sistemas PLC. Em seguida serão apresentados os dados ao Ministro, por meio de relatório formulado pelo INMETRO.
A data para término dessa experiência com a respectiva apresentação de relatório foi fi- xada por portaria ministerial em 17 de janeiro de 2010. Existe um grande esforço para que todo o trabalho seja realizado dentro de um rígido cronograma apresentado pelo Ministério das Comunicações.
O tema é fascinante, pois permite uma vasta experiência com relação à faixa de ondas hectométricas as quais nunca se pôde fazer uma avaliação de potencial interferência existente na faixa, no Brasil e, com isso, poder ajudar o Governo na obtenção de dados sobre o nível de ruído e interferência na faixa de Onda Média. Esse trabalho está apenas sendo iniciado e teremos ao longo dos meses de dezembro e janeiro muitas informações para fins de avaliação do sistema de rádio digital a ser adotado no Brasil.
Esperamos nas próximas edições já termos dados suficientes para apresentar comparações práticas entre os sistemas IBOC e DRM à luz das experiências de campo realizadas pelo grupo de trabalho organizado pelo Ministério das Comunicações.

*Ronald é diretor de rádio da SET e assessor técnico da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) ([email protected])
Revista da SET

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