Transmissão de esporte eletrônico cresce sem depender da grade convencional

A organização e transmissão de eventos de esporte eletrônico (eSports) cresce cada vez mais. Mas como as companhias de mídia estão se organizando para transmitir esse conteúdo para plateias que não são regionais, ou nacionais, mas globais? Há um consenso de que o modelo de transmissão por plataformas de internet ainda não se encaixa nas grades de programação dos canais de TV. Características desse mercado foram apresentadas pelos debatedores do painel “Broadcasting, Streaming e o Esporte Eletrônico”, no congresso da SET EXPO.

 

“Meu trabalho é procurar novos jogos, novos talentos, organizar treinamentos. A diferença é que uma partida de futebol na TV ocupa cerca de 2h da programação, e transmissões de e-sports não têm um tempo determinado e podem levar 12h ou mais até o final”, explica Fábio Madia, CEO da Beyond the Summit Brasil. Curiosamente, o PSG, um dos mais reconhecidos times de futebol em todo o mundo, é também um dos principais players de eSports

 

Uma das grandes diferenças está no fato de que ao invés de uma estrutura de milhões de dólares para comprar direitos e investir em transmissão, essa atividade começou com jogadores transmitindo de forma caseira, e angariando audiência de milhares. Entre as razões do sucesso, além da popularidade dos games, o fato de que os streamers interagem constantemente com a audiência. “Eles sentem que fazem parte do show”, resume o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Eletrônicos (CBDEL), Daniel Cossi, moderador do debate. 

 

“Acho que os canais lineares têm uma disciplina muito maior do que nós que transmitimos eSports” – opina Colin Edwards – CEO da OBS Software. Mas o painelista também comenta aspectos da profissionalização cada vez maior do segmento. Na NAB, já é possível encontrar empresas que comercializam pacotes prontos de “CG” para transmissão de eSports. A ideia é dar agilidade para as pequenas equipes que operam o broadcast durante as transmissões. “Um motivo do investimento ser muito menor é que você não precisa cenário, iluminação, e quando o equipamento está montado, tudo ali é 100% repetível. E podemos ensinar uma pessoa nova, com zero experiência em transmissão, a fazer tudo em duas semanas”, completa Madia. Participou também Marcus Araújo de Ataide, CEO da eMasters.