Faixa de 3,5GHz abre caminho para revolução da Internet, porém esbarra em desafios operacionais

A coexistência de serviços de banda 3,5GHz com a banda C satelial e os desafios desse processo foram o tema do painel “Leilão de 3,5GHz e o Futuro da Distribuição por Satélite”, que aconteceu durante o congresso da SET EXPO, nesta terça-feira (27). Segundo dados do IBGE, o Brasil tem 22 milhões de residências com antenas parabólicas, das quais 10,5 milhões só têm esse sinal como fonte de conteúdo, que será impactado diretamente com a chegada da banda 3,5GHz.

Participaram da discussão moderadora Ana Eliza Faria e Silva, gerente de Estratégia e Regulatório na área de Tecnologia da TV Globo, Paulo Bertram Vieira, consultor de Engenharia Satélite e Gerência de Sistemas de Comunicações da Star One, Vicente Bandeira de Aquino Neto, membro do Conselho Diretor da Anatel, Vinicius Oliveira Caram Guimarães, superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, e Wender Almeida de Souza, assessor técnico da Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), que representou o presidente da associação, Márcio Silva Novaes.

Os membros na Anatel apresentaram um cenário mais promissor em relação às consequências do leilão, previsto para março de 2020, que consideram a porta de entrada para a chegada da tecnologia 5g, que promete revolucionar a comunicação no país. “A faixa 3,5GHz é necessária para a entrada do 5G. Tivemos até aqui uma internet voltada para pessoas, que buscam se comunicar. Agora vem uma revolução: a internet das coisas. A comunicação entre máquinas, que possibilitará cidades inteligentes, cirurgias à distância e muito mais. Isso vai impactar no desenvolvimento da economia. Prevemos um leilão menos arrecadatório e que preze mais pela abrangência”, afirmou Vicente Bandeira de Aquino Neto, membro do Conselho Diretor da Anatel.

Para Vinicius Oliveira Caram Guimarães, superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, após testes de convivência em laboratório e em campo, a coexistência de serviços de banda 3,5GHz com a banda C satelial, as TVROs, se mostrou possível a partir de algumas soluções, como troca de equipamento e assinatura gratuita de TV, troca de equipamento sob demanda, ampliação de rede terrestre, ajuste de corrente e migração definitiva de TVRO para banda Ku.

Porém, esse cenário otimista é visto com mais cautela pela Abratel, que destacou a inviabilidade ora técnica, ora financeira desse processo. “Os aparelhos que possibilitam a coexistência quando são tecnicamente viáveis, não o são financeiramente e vice-versa. “Essa convivência pode não ser muito amigável. Boa parte dos nossos problemas estão nos grandes centros. Há custos e viabilidade técnica envolvidos. A migração para a banda Ku é a melhor opção”, explicou Wender Almeida de Souza, assessor técnico da associação.